domingo, 3 de maio de 2009

Um olhar sobre a nossa terra
Lúcio Rabelo A complexidade da Amazônia merece uma abordagem multidisciplinar, calcada no contexto histórico, sócio-ambiental, científico e tecnológico. As faces do desenvolvimento sócio-econômico desse mundo, com implicação na nossa soberania, passam pela compreensão, dentre outros, dos seguintes temas: Educação, desenvolvimento sustentável, causa indígena, turismo, seqüestro de CO2, pesca e piscicultura, gastronomia regional, êxodo rural e migração regional, emprego/desemprego das pessoas e dos bens, distribuição de renda, mercado agrícola, crédito rural, dinâmica da concentração geográfica da riqueza na Amazônia, as potencialidades econômicas regionais (florestal, mineral, agrícola e pesqueira), Zona Franca versus interiorização do desenvolvimento, os indicadores de desenvolvimento social do Amazonas comparados aos demais Estados da região, o papel das ONGs, os impactos decorrentes das tentativas de ocupar e desenvolver a região, dentre outras. Nos últimos anos tenho buscado entender o insucesso das muitas tentativas para a promoção da melhoria do bem-estar do nosso povo e o estabelecimento duradouro da nossa soberania, quando esta vem se fragilizando diante da confirmação da importância ambiental da Amazônia para o equilíbrio climático global e nos recusamos de aceitar esse fato. O reflexo se faz sentir hoje, quando parece ser elegante defender acesso a educação e o emprego para todos, além do meio ambiente, ou condenar os madeireiros e o tráfico de animais silvestres, ou apoiar a reciclagem do lixo, ou considerar marginais os invasores de terras urbanas, mas fica mesmo só o discurso - eloqüente e até pretensioso. A sociedade como um todo não age de acordo com a sua preocupação. Por exemplo, os programas veiculados nos meios de comunicação de massa se ocupam de conteúdos que nada influenciam para construção de uma sociedade justa. Quando o fazem, utilizam-se de horários propensos a baixa audiência, como os programas ecológicos e os "telecursos" das madrugadas, que são assistidos apenas pelos mais idosos, insones ou viciados em TV. Já no horário nobre ocupam-se os espaços com telenovelas ou telejornais de cunho policial, sensacionalistas, denuncistas e tendenciosos, ou ainda, programas de sorteios e brindes, além dos programas de falsos "super-heróis", onde se vibra, derramam-se falsas lágrimas e se dá pulos de alegria com a desgraça dos outros. Vale sim afirmar a máxima de que - o discurso não combina com a prática. Tem que haver algo de errado nisso! Apenas alerto que estamos errando na questão das nossas prioridades e dos nossos valores. Aqui nesta terra ocorrem doenças que já existiam quando Cristo era menino, como a hanseníase, outras que maltratam os amazonenses e também espantam turistas, como a febre amarela, a hepatite, a malária, a tuberculose, a fome, a miséria, o hábito de cheirar cola para matar a fome e a sensação de abandono, a casa que cai derrubada pela chuva. Temos coisas fabulosas: O nosso povo e a nossa riqueza natural, como ela, nada igual no mundo - O caboclo e o índio e a sua cultura, a floresta, a riqueza do subsolo, os rios, paranás, lagos, igarapés.Tudo praticamente preservado - nesse ponto a Zona Franca foi perfeita. Há ainda coisas que são incompreensíveis: A Amazônia Brasileira abriga próximo de 7% da população brasileira e tem PIB de 4% (IBGE), mas são investidos em pesquisa apenas 1% do montante que aplicado em todo o país (INPA), tendo um agravante de não sermos nós, amazônidas, quem decide o que deveria ser priorizado para buscarmos novas descobertas.

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