terça-feira, 5 de maio de 2009

MANAUS – PERDAS AMBIENTAIS IRREPARÁVEIS

As estratégias de gestão do uso dos recursos naturais, num contexto de crescimento populacional acelerado nos centros urbanos, aliado ao crescimento econômico que dá pouca importância à questão ambiental, não têm se mostrado capazes de oferecer à sociedade as condições necessárias para a promoção do bem estar social, presente ou futuro. Nos aglomerados urbanos, e mais recentemente no campo, a qualidade de vida da população vem sendo comprometida de forma preocupante e as principais razões estão ligadas a fatores que resultam da degradação ambiental, como as perdas na agricultura, a fome, as doenças de veiculação hídrica e os prejuízos humanos e materiais decorrentes de “catástrofes naturais” (secas prolongadas, chuvas torrenciais, deslizamentos, alagações, entre outras).
A cidade de Manaus, capital do Estado do Amazonas, situada no centro da Amazônia, uma das áreas mais preservadas do planeta, já vem apresentando significativa perda da qualidade de vida de sua população devido aos efeitos da degradação ambiental. Com uma área de 11,4 mil km2 e localizada na confluência de dois dos maiores rios do mundo, o Negro e o Solimões, Manaus tem apresentando crescimento populacional superior às demais regiões do país. Para o período de 1991 a 2000 o município apresentou a taxa geométrica média de crescimento anual de 3,87%, e a sua população passou de 1 milhão de habitantes para mais de 1,5 milhão em 2000 (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística - IBGE). Só nos últimos 7 anos, a cidade teve um incremento, segundo projeção desse instituto de pesquisa, de aproximadamente 200 mil pessoas, passando para mais de 1,7 milhões de habitantes em 2007. A maior contribuição deve-se ao expressivo êxodo rural e às migrações inter e intra-regionais, em que um enorme contingente populacional foi estimulado, por razões econômicas e sociais, a deixarem os seus locais de origem e se estabelecerem nesta cidade, principalmente devido aos atrativos econômicos gerados pela Zona Franca de Manaus (ZFM).
Esse crescimento demográfico acelerado não foi acompanhado por investimentos suficientes em infraestrutura, especialmente sanitário e habitacional. Esse fato, combinado com a falta de controle sobre o uso e ocupação do solo, culminou com o surgimento de assentamentos informais, com moradias precárias e sem a documentação, construídas em áreas impróprias para habitação como encostas, nascentes de igarapés, barrancos e antigos depósitos de lixo.
A ocupação desordenada aliada à falta de saneamento básico e lançamento de lixo, efluentes domésticos e industriais não-tratados adequadamente, resultou na completa degradação ambiental dos cursos igarapés que entrecortam a cidade, tornando suas águas poluídas e condutoras de doenças, com leitos assoreados e drenagem deficiente.

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